15 49.0138 8.38624 1 0 4000 1 http://franzferdinand.com.br 300 true 0
theme-sticky-logo-alt

De volta como um estrondo o Franz Ferdinand está focado – 1ª parte da matéria, Revista NME 21-09-13 [Traduzida]

0 Comments

O Franz Foi capa da revista NME de 21-09 com uma matéria onde a banda conta como esteve a ponto de se separar e deu a volta por cima. Se emocionem com a 1ª parte traduzida, a 2ª parte postamos já já!

Junto com a revista vem um CD com faixas escolhidas pela própria banda que você pode baixar AQUI

Tradução e agradecimentos: Cristina Renó

“Vou começar a pensar em nosso epitáfio quando eu souber que precisamos de um”

 

CoverNME21-09

Há três anos eles estavam esgotados e mal se falavam. Mas após uma pequena reunião de cúpula em Orkney, o Franz Ferdinand secretamente gravou seu excelente quarto álbum. Eles contam à Barry Nicolson que as coisas estão definitivamente dando certo. Fotos: ED Miles

11 de Dezembro de 2010
Pensamentos: sombrios. Palavras: poucas. Ações: contratuais.

O Franz Ferdinand está no backstage do ATP Bowlie 2 Weekender em Camber Sands, cumprindo a última das obrigações de uma gigantesca turnê mundial de 2 anos e 184 datas divulgando seu terceiro álbum, ‘Tonight…’. Este show, marcado em tempos mais felizes como um favor aos amigos do Belle & Sebastian, é o primeiro desde o fim ‘oficial’ da turnê, um mês antes. Durante aquele tempo, os membros da banda mal mantiveram contato uns com os outros, e há um consenso crescente – não mencionado, mas implicitamente entendido – de que as cortinas estão se fechando na carreira de Franz Ferdinand. Quando Bob Hardy entra no camarim vestindo um uniforme escolar, Paul Thomson sabe que acabou.

“Bob havia perdido uma aposta cinco ou seis anos antes”, o baterista explica, “e a pena era que ele tinha que usar o uniforme escolar do video de ‘Matinée’ no palco. Então quando ele entrou no camarim vestindo aquilo, eu fiquei ‘O que?!’. Parte dele deve ter pensado, ‘Bom, esse é o nosso último show, é melhor eu pagar aquela aposta.'”

Não que Paul estivesse particularmente aborrecido. “Cada um seguiu seu caminho depois da turnê do terceiro album e nem chegamos a discutir a possibilidade de fazer outro”, ele diz. “Nós nos reunimos para o Bowlie Weekender pois já tínhamos concordado com aquilo muito tempo antes, mas eu achei que seria nosso último show como banda. Então nós tivemos essa incrível e calorosa recepção no palco – as pessoas pareciam realmente dispostas a nos ouvir tocar novamente. Durante o curso daquele show eu me lembro de pensar comigo mesmo ‘Sabe, talvez devessemos tentar e gravar outro álbum. Eu realmente gosto bastante desses caras…”.

18 de Agosto de 2013
Pensamentos: meditativos. Palavras: consideradas. Ações: mastigantes.

Estou sentado do lado de fora de um restaurante mexicano perto da Regent Street, em Glasgow, onde Paul e o guitarrista Nick McCarthy estão famintos devorando burritos. Tem dez anos – quase o mesmo dia – que eu entrevistei o Franz Ferdinand pela primeira vez, dirigindo por Glasgow num acabado Mercedes, propriedade de Alex Kapranos, que ele havia comprado por £90 um ano antes e que eu ainda vi ocasionalmente rodando na Alexandra Parade muito tempo depois de ‘Take Me Out’ os ter mandado para a estratosfera. Naquele dia, a banda me mostrou alguns lugares que finalmente entrariam na tradição indie de Glasgow: A Mono, café/casa de shows/loja de discos cujo 10º aniversário a banda comemorou no ano passado com um show surpresa; a delegacia abandonada em Bridgeton – conhecida como The Gaol – que fez as vezes de espaço para ensaios; e o Chateau, o dilapidado prédio invadido por artistas onde muitos de seus primeiros shows aconteceram.

A Mono continua a prosperar, mas o Chateau foi abandonado alguns anos depois quando uma das escadas finalmente ruiu e seus ocupantes remanescentes acharam melhor sair de lá. O The Gaol também está permanentemente vazio, suas molduras outrora ornamentadas racharam e se encheram de ervas daninhas, como uma cena de The World Without Us, de Alan Weisman. Como aqueles prédios – sem mencionar as outras bandas que emergiram da cena art-school de Glasgow no início dos anos 2000 – o Franz Ferdinand poderia facilmente ter se tornado assunto do passado, mas não menos importante, como Paul me diz “Nós não sentíamos que tínhamos que mudar ou fazer outro disco. Depois do terceiro disco sair, foram tempos muito sombrios. Nós estávamos infelizes e deprimidos. Tínhamos nos tornado pessoas egoístas e só pensávamos em nós mesmos. Nós ignorávamos os problemas um dos outros. Em alguns casos, ignorávamos uns aos outros, ponto”.

E ainda assim, eles fizeram outro álbum. Agora você já ouviu ‘Right Thoughts, Right Words, Right Action’, o primeiro álbum do Franz Ferdinand em mais de quatro anos, e seu melhor e mais consistente esforço desde o autointitulado debut de 2004. Gravado entre o Sausage Studios, do Nick, em Londres, e o estúdio caseiro de Alex, nas fronteiras da Escócia, ‘Right Thoughts…’ é quase triunfo: uma oportuna lembrança de como o Brit pop fica muito melhor quando esta banda está lançando olhares lascivos de seus cantos escuros. Franz Ferdinand está de volta e, desta vez, ninguém nem percebeu que vinham.

Mas então, esse sempre foi o plano. ‘Right Thoughts…’ é a primeira vez em quase uma década que o Franz Ferdinand grava um álbum sem que as pessoas ficassem olhando por cima de seus ombros, investigando cada passo e tirando suas próprias (e prematuras) conclusões. Voltando em 2005, eu fui uma dessas pessoas: eu passei uma semana no estúdio em Manhattan onde eles estavam aplicando os toques finais e frenéticos no ‘You Could Have It So Much Better’, interrogando-os sobre um álbum que ainda nem existia, fazendo anotações de tudo o que eu via e escrevendo sobre músicas que nem sequer entraram na tracklist final. No final das contas, no entanto, as gravações de ‘Tonight…’ foram uma experiência ainda mais intrusiva e desconfortável.

“Nós tínhamos superfãs na América do Sul ficando irados pois não montávamos webcams para que eles monitorassem todos os nossos passos”, lamenta Paul. “Então nós filmávamos nossos pés falando alguma coisa sobre nosso estado criativo naquele dia, antes de levar a música para algum outro lugar e deixar as pessoas desapontadas quando não soava como Xenomania produzindo Baaba Maal, tocada por quatro caras de Glasgow. Desta vez, não fizemos nenhuma entrevista até que realmente tivéssemos algo sobre o que falar”.

Hoje, não faltam coisas sobre o que falar. Estou entrevistando o Franz Ferdinand em pares, ao invés de em grupo, pois quero me certificar de que Bob, Nick e Paul tenham sua vez de falar. Com o Alex, eu sei que não preciso me preocupar. Alex sempre foi um entrevistado loquaz – literalmente ‘a voz da banda’, como ele diz – e em um ambiente de grupo, os outros parecem se contentar em deixá-lo falar. Você pode entender porque: o homem tem um dom malévolo com metáforas. Em minutos sentado num bar de hotel com ele, perto de Broadcasting House, ele está fazendo analogias sobre como ele queria que ‘Right Thoughts…’ soasse como ‘encontrar um velho amigo e ter uma boa conversa sobre algo que vocês nunca falaram antes’.

Ele considera a diferença entre gravar este álbum em segredo e o último sob controle como ‘ser ótimo fazendo embaixadinhas sozinho mas, assim que seus amigos olham, você não consegue fazer nem a sequência de duas’. Finalmente – e mais ambiciosamente – ele compara o processo de composição, arranjo e gravação de ‘Right Thoughts…’ ao Usain Bolt correndo os 100m: “Pense em quantos anos de preparação ele passou, desde quando era uma criança e percebeu pela primeira vez que ele podia fazer isso, então as semanas e meses e anos de preparação… e qual a execução? Uma corrida de 10 segundos. Mas que espetaculares 10 segundos são esses”.

‘Right Thoughts…’ é, na realidade, um sombreado de 35 minutos de duração, mas o ritmo em que ele se agita é implacável demais para esta metáfora se aplicar. Eu sinto que a banda está cansada – e talvez um pouco na defensiva – sobre ser perguntada por que eles levaram tanto tempo para gravar um álbum nos dias de hoje, particularmente porque, como coloca Paul, “Nós não estávamos conscientes de haver qualquer pressa para gravar este álbum”. Ainda assim, eles nunca foram exatamente pretenciosos: Alex tinha 32 quando o Franz encontrou o sucesso e agora está na faixa dos 40. Nick e Paul, com 38 e 36 respectivamente, não estão muito atrás. Eles se preocupam em não conseguir fazer o suficiente?

“Esse disco precisou levar o tempo que levou para ficar pronto”, insiste Bob. “Se acabássemos a turnê e disséssemos ‘OK, vamos tirar três semanas de descanso e então nos reunir no practice pad [instrumento] para começar a trabalhar no próximo’, simplesmente não teria acontecido. Os membros [da banda] teriam acabado mortos.”.

Enquanto isso, Alex culpa “a cultura da turnê inacabável que surgiu nas últimas duas décadas. Eu vejo isso em todos os nossos companheiros, todos os nossos contemporâneos – eles fazem turnês demais. Hoje em dia, uma banda faz um álbum e sai em turnê por 18 meses. O The Smiths faziam uma turnê de algumas semanas por vez e então voltavam e faziam outro álbum, e eles só conseguiam fazer isso pois não estavam exaustos! Eu não estou dizendo que odeio fazer turnê, mas se você fizer por muito tempo… meu deus, você fica esgotado ao final dela!”. *** (contina…)

Untitled-31 Untitled-71

 

FONTE: NME Magazine 21-09-2013

Previous Post
Franz Ferdinand – ‘Right Thoughts, Right Words, Right Action’ resenha do álbum
Next Post
De volta como um estrondo o Franz Ferdinand está focado – 2ª parte da matéria, Revista NME 21-09-13 [Traduzida]

0 Comments

Leave a Reply