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Kapranos em entrevista para VEJA

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‘Não queremos nos repetir’, disse Alex Kapranos em entrevista exclusiva a VEJA. O vocalista e guitarrista do Franz Ferdinand, falou sobre as mudanças na sonoridade do grupo, de sua faceta de crítico gastronômico e seus hábitos literários

O Franz Ferdinand é uma das poucas bandas do Reino Unido que fazem sucesso nos Estados Unidos. Por que é tão difícil entrar no país?
Porque existe uma diferença no comportamento do mainstream inglês e do americano. Na Inglaterra, mesmo as bandas do primeiro escalão participam de festivais independentes e tocam nas rádios dedicadas à música alternativa. Nos Estados Unidos, o mainstream é muito mais glamuroso – os artistas estão realmente num outro patamar, não de dispõem tanto a freqüentar rádios e casas de pequeno e médio porte. Mas uma banda boa toca em qualquer lugar. Modéstia à parte, é isso que nos faz ser aceitos no Reino Unido, nos Estados Unidos e no Brasil.

O crítico de música americano Neil Strauss disse que a América é arrogante demais para aceitar que os ingleses e os brasileiros os ensinem música pop. O senhor concorda?
Com certeza. Os americanos tratam a música da mesma maneira que encaram uma viagem turística. Eles pensam: “Há tantas coisas boas aqui, por que eu deveria conhecer outros países?” Mas também existe uma diferença cultural entre as platéias inglesas e americanas. No Reino Unido, uma banda que toca mal e faz uma apresentação pífia é considerada charmosa. Nos Estados Unidos, é ignorada. O mercado é competitivo e uma banda tem de mostrar seu talento no palco.

O senhor trabalhou como cozinheiro e escreveu um livro sobre suas experiências gastronômicas. Existe alguma chance de escrever sobre as comidas que encontrará no Brasil?
A minha grande paixão culinária no Brasil foi o sorvete de milho. Escrevi sobre a iguaria em meu livro, Mordidas Sonoras. Mas não me acho um crítico gastronômico, são textos que escrevi para o jornal inglês The Guardian – e nem sei se irei falar de comida novamente. Sabe quando um músico faz um projeto paralelo para sair da rotina? A minha fase de crítico de comidas foi meu projeto paralelo. Se eu for escrever de novo, certamente tratarei de outro assunto.

O senhor é um rato de biblioteca? O que está lendo atualmente?
Estou lendo O Imperador, de Ryszad Kapuscinski. É a biografia de Hailé Selassié, que reinou na Etiópia e era considerado herdeiro do rei judeu Salomão. O texto é incrível, apesar da visão européia que Kapuscinksi tem do imperador. Ele o trata como um tirano, mas Selassié não foi a criatura cruel que aparece no livro. Era inteligente e produziu grandes discursos como o que ele faz na Organização das Nações Unidas, em 1963, quando alertou sobre os direitos dos negros. O livro me fez querer descobrir mais sobre Selassié e ouvir Bob Marley, que era fã do imperador.

Mas Selassié era um tirano. A realeza vive numa realidade paralela, não?
Sim, é o que gente percebe aqui na Inglaterra. Temos uma rainha, Elizabeth, que não manda em nada. Para ser sincero, a monarquia inglesa é uma piada de mau gosto. E temos de sustentar aquele bando de gente inútil.

O que o senhor acha do governo do Primeiro Ministro, Gordon Brown?
Tenho pena dele. É um sujeito repleto de boas intenções, mas assumiu o país em meio a uma crise de popularidade do ministro anterior, Tony Blair. Mas acredito nas boas intenções dele.

O terceiro disco do Franz Ferdinand, Tonight, tem uma sonoridade diferente dos anteriores. Qual foi a razão dessa mudança?
Quando o Franz Ferdinand foi criado, um dos objetivos da banda era jamais se repetir. Fizemos dois álbuns voltados para o rock e achamos que estava na hora de fazer alguns ajustes na sonoridade do grupo. Chamamos então Dan Carey, que um produtor ligado ao reggae e ao dub (um reggae mais psicodélico). Ele refletiu o que estávamos ouvindo naquele período, que eram discos de artistas jamaicanos como Junior Marvin. Mas estamos em outra, o próximo álbum do Franz Ferdinand terá uma sonoridade diferente.

O novo álbum também será produzido por Dan Carey?
Não sabemos. Estou começando a compor e até mudei meus métodos de criar músicas. A idéia agora é escrever primeiro as letras e depois criar uma melodia mais apropriada. Antigamente, fazia tudo junto. Mas é muito cedo para adiantar algo.

É verdade que a banda utilizou ossos humanos na gravação do disco?
Sim, é verdade. Estávamos atrás de um som diferente de percussão e utilizamos ossos como instrumento de percussão. Mas não vou me estender sobre esse assunto, senão você irá achar que sou um personagem de algum conto de terror sobre papa-defuntos – ou Dr. Hyde de O Médico e o Monstro.

Como foi a parceria do Franz Ferdinand com a atriz francesa Marion Cotillard?
Sensacional. Fomos convidados para criar uma música para um filme publicitário da Dior e calhou de fazermos uma parceria com Marion. A canção se chama The Eyes of Mars e foi inspirado no filme Os Olhos de Laura Mars, produção da década de 70 estrelada pela atriz Faye Dunaway. Marion é uma pessoa fantástica e tem uma voz incrível. A gente pensou que ela gostaria de cantar baladas e Marion gastou a voz, como se fosse uma autêntica cantora de rock.

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