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Revista BLITZ: Franz Ferdinand uma banda nova – parte 1

De volta com o primeiro álbum desde 2013, e com dois novos músicos a bordo, os escoceses sentem-se no dealbar de uma nova era. Em Londres, Lia Pereira falou com Alex Kapranos e o novo recruta, Julian Corrie, sobre Always Ascending e sardinhas assadas.

 

 

A dois passos do centro de artes Barbican, numa invernosa tarde em Londres, os Franz Ferdinand recebem a imprensa num pub curiosamente chamado The Singer. Numa altura em que muitos ainda almoçam ou bebem uma pint, o ruído das conversas animadas tornaria impossível qualquer gravação de entrevista – talvez por isso, é na cave do pub, repleta de mesas e cadeirões de madeira escura, que Alex Kapranos, o vocalista da banda, e Julian Corrie, um dos novos membros do grupo, esperam pela BLITZ. Munidos de grande simpatia e de um humor desarmante, os dois músicos conversaram com vontade sobre a nova era dos Franz Ferdinand, agora que o guitarrista Nick McCarthy, um dos fundadores do grupo, abandonou o <<navio>>. Corrie, que tem uma carreira musical autônoma como Miaoux Miaoux, foi convocado para tocar teclas, ao passo que Dino Bardot é o novo guitarrista da banda – e, segundo o sempre divertido Alex Kapranos, <<a maior estrela do rock que Glasgow já produziu>>. O regresso a Portugal, em 2018, está garantido (NOS Alive), disseram-nos ainda esses críticos ferozes do Brexit e de Donald Trump.

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A renovação – a saída do guitarrista Nick McCarthy levou à <<contratação>> de dois elementos. Estão ambos abraçados a Alex Kapranos: Julian Corrie à nossa esquerda; Dino Bardot à direita.

Como se sentem nesse regresso aos discos? Always Ascending é o vosso primeiro álbum desde 2013, se não contarmos com a colaboração com os Sparks. E é também o primeiro disco sem o vosso guitarrista Nick McCarthy…
Alex Kapranos – É ótimo, porque não só temos um álbum novo, como ele representa o começo de uma nova era, de uma nova década, de um novo capítulo da banda. O último disco de Franz Ferdinand foi, literalmente, o último disco de uma década da banda. E este parece-nos o primeiro de uma nova década. (Sussurrando) É mesmo muito bom! Posso dizer isto? (risos) Será que devo ser muito modesto e dizer: <<meh, está só mais ou menos?>>. Na verdade, adorei fazer este disco e estou entusiasmadíssimo com ele.

Como conheceram o Julian Corrie, um dos vossos novos músicos, aqui presente?
AK – Estava em Conway, na Irlanda, para o lançamento de um filme chamado Lost in France, de um tipo chamado Niall McCann. Eu estava lá com a Emma Pollock e o Paul Savage, dos Delgados e da [editora] Chemikal Underground, e o Stuart Braithwaite, dos Mogwai, e às tantas disse-lhe: <<ei, sabes que estamos em Glasgow, sabes de alguém que queiras vir para a nossa banda?>>. E ele:<<o Julian é porreiro, talvez esteja interessado>>. Então mandei-lhe um e-mail e ele respondeu: <<era capaz de ser engraçado>>. Fingindo-se pouco impressionado. (risos) Lá nos encontrámos e – o que acaba por ser mais importante que a música – fomos comer ao indiano e depois beber uns copos para ver se nos dávamos bem. Porque uma banda é uma empreitada social, é uma gangue, uma matilha. E temos de nos certificar que nos damos bem e nos divertimos uns com os outros. Felizmente isso aconteceu, pelo que nos juntámos e, quando tocámos juntos, a banda estava a soar melhor que nunca. Assim, tornou-se óbvio que era a solução correta.

E para o Julian, como foi juntar-se à família, à <<matilha>>?
Julian Corrie – Foi muito excitante! Quando o Alex me mandou um e-mail assim do nada, eu estava de férias e pensei: <<uau, um e-mail do Alex Kapranos, o que quererá ele?>>. Foi fixe, e      demo-nos logo bem. Lembro-me que quando fui ao estúdio que ele tem na Escócia, para tocar com eles, era uma noite de <<lua de sangue>>. A lua estava vermelha e eu pensei: <<isto ou é um bom augúrio ou um mau agoiro! Ou vai ser espetacular, ou horrível>>. (risos) Mas foi ótimo e depressa percebemos que resultava. Que funcionávamos bem juntos, enquanto músicos.

É mais novo que o resto dos seus novos companheiros de banda?
JC – Sim, tenho 32 anos.
AK – Que, curiosamente, é a idade que eu tinha quando o nosso primeiro disco saiu.

Mas parece mais jovem ainda…
JC – Eu sei, não consigo deixar crescer a baraba! (risos)

E quanto ao Dino Bardot, o vosso novo guitarrista? Como chegou à banda?
AK – O Dino é um velho amigo! Ele não esteve envolvido na gravação do disco. Nós temos uma regra, que é nunca ouvirmos, em disco, mais do que aquilo que cinco pessoas poderiam estar a tocar. Sempre gravámos os nossos discos com os quatro a tocar ao vivo em estúdio, por isso, em todas as canções que ouves, somos nós os quatro a tocar juntos. Depois abrimos espaço para apenas mais um overdub: mais um par de mãos ou mais uma voz. Se ouvires o disco, não ouve 14 guitarras a tocar ao mesmo tempo, ou 15 baterias diferentes. Com a gravação digital, hoje em dia, isso é bastante fácil de se fazer, mas decidimos manter a coisa relativamente pura. Mas depois pensámos: <<se temos esta quinta voz, e nos álbuns anteriores alguns dos arranjos até são um pouco mais amplos… isto é o começo de uma nova era da banda, de uma nova década. Não há regras que digam que temos de ser um quarteto. Podemos ser o que quisermos! Porque é que não convidamos o Dino?>>. Eu tinha-o visto a tocar na festa de aniversário de um amigo meu. Ele fez uma banda para poder cantar as canções favoritas de nosso amigo, o Charlie, Eu cantei a <<I’m on Fire>>, do Bruce Springsteen, porque ele é um grande fã [do Boss], e o Dino foi para o palco e cantou a <<Purple Rain>>. E não se limitou a cantar, tocou o solo de guitarra todo, também! E eu fiquei: <<eh lá!>>. Ele estava a cantar só por diversão, mas soava tão natural que pensei: <<o Dino é a maior estrela rock que Glasgow já produziu! E eu não quero ser a única pessoa a presenciar isto! Anda juntar-te aos Franz Ferdinand, andar em digressão por todo o mundo e mostrar a toda a gente que és uma estrela rock>>. E assim foi.

Já afirmaram que, com a saída do Nick McCarthy, acabaram por ficar mais fortes como banda. Como é que isso funciona?
AK – Creio que sim, Quando acontece uma coisa tão drástica como esta, vemo-nos numa situação de ou vai ou racha. Ou dizes: <<pronto, acabou, não vale a pena continuar a fazer isto, ou…>>. Porque, no fundo, isto obrigou-nos a pensar na razão pela qual queríamos continuar a fazer o que fazemos. Não íamos continuar só porque é isto que fazemos na vida, Tivemos mesmo de pensar se queríamos continuar ou não. Obrigou-nos a pensar na relação que temos uns com os outros, e isso acabou por unir-nos mais.

Como o Liam Gallagher vos disse, é como quando um jogador de futebol deixa uma equipa, certo?
AK – É verdade! Estávamos num grande festival em Espanha, onde o Liam Gallagher também ia tocar, e ele foi aos bastidores cumprimentar-nos. Ficámos na conversa, e ele: << ah, pois é, o vosso amigo foi embora, não é? O gajo pequenito, que fazia umas danças estranhas!>>. E nós: <<sim>>. E ele: <<é como uma equipa de futebol, não é? Um jogador sai, mas a equipa continua e até pode passar a ser mais forte do que era>>. Suponho que com isso estivesse a aludir a uma certa banda em que ele esteve antes… Não sei! (gargalhadas)

E a escolha de um título como Always Ascending [<<sempre a subir>>] – revela um certo otimismo?
AK – Sim, sem dúvida que escolhemos esses título [com essa intenção]. Não andávamos à procura dele mas, depois de acabarmos o disco, percebemos que seria o mais adequado. Porque temos mesmo a sensação de termos ascendido, de estarmos num sítio diferente, o que é ótimo.

[…]

A

… a segunda parte da entrevista será postada logo logo 😉

FONTE: Revista BLITZ (Portugal) janeiro 2018 | Agradecimentos: Raquel Custódio pelos scans da revista!

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