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Franz Ferdinand lança CD e explica senso de humor ‘incompreendido’

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Cantor se compara a gato e diz preferir os que ‘caçam ratos e fazem sexo’. ‘Right thoughts, right words, right action’ é quarto disco da banda escocesa.
Por Fabiana de Carvalho – 19/08/2013

DIVULGAÇÃO

No próximo dia 26, o Franz Ferdinand lança “Right thoughts, right words, right action”, seu quarto disco. Com mais de dez anos de carreira, a banda escocesa, criada por Alex Kapranos (vocal e guitarra), Bob Hardy (baixo), Nick McCarthy (guitarra e teclados) e Paul Thomson (bateria), se mantém fiel ao rock dançante que a consagrou, como comprovam as duas primeiras músicas a serem lançadas como single e a ganharem clipes, “ Right action ” e “ Love illumination ”.

Sem contestar a imagem festiva normalmente associada ao som que produz, o vocalista Alex Kapranos confirma, em entrevista por telefone ao G1 , que o novo disco é “muito animado, otimista”, mas faz questão de ressaltar que há muito mais que isso no Franz Ferdinand . “Somos criaturas complexas, não temos uma única emoção dominante… O contraste de emoções é algo que sempre tento trazer para as músicas”, explica, antes de mencionar a primeira faixa do álbum, “Right action”.

Kapranos fala sobre o novo CD, seu senso de humor “incompreendido”, e a importância de nunca se afastar dos palcos, até durante as gravações de um disco. O vocalista explica por que evitou conversar com jornalistas antes do lançamento e ressalta a importância do Brasil, onde já esteve cinco vezes, na história da banda.

G1 – Vocês demoraram quatro anos para lançar disco. Existe motivo específico para intervalo tão longo? E o que fizeram durante todo este tempo?
Alex Kapranos – Eu queria fazer outras coisas, absorver um pouco de vida e ter mais experiências, desenhar e ter espaço para contemplação e para ter ideias. Na verdade, acho que levou um ano e meio entre eu me encontrar com Bob [Hardy, baixista] para falar sobre o disco e chegarmos à mixagem final. Não houve nada deliberado por trás disso, pareceu o tempo certo. A única coisa que senti é que não deveria ter pressa, não tínhamos que ser forçados a algo porque tínhamos que cumprir um cronograma, mas sim apenas porque queríamos fazer um bom álbum. Isso é o mais legal.

G1 – Mas vocês continuaram fazendo shows. Isso fez com que o processo de gravação fosse lento ou influenciou no resultado de alguma forma?
Alex Kapranos – Para mim, era importante tocar ao vivo, porque quando as bandas vão para o estúdio e só passam seu tempo lá… Isso é algo que não pode acontecer, especialmente quando elas estão nesse ciclo de turnês, no qual você faz extensas turnês e depois fica um período longo sem tocar ao vivo, em que passa o tempo todo no estúdio. Se você está no estúdio sozinho você se torna suave, você não toca do mesmo jeito, não tem a adrenalina que existe quando toca para um público, não tem o senso de proximidade instintiva que tem com uma plateia. E eu queria evitar isso.

É como um gato que só fica em casa e não pode ser comparado com aqueles que saem à noite e se misturam com os outros gatos, os que brigam, caçam ratos e fazem sexo. Eles têm sagacidade, têm garras afiadas, e era isso que eu queria fazer com a banda, me assegurar que ainda temos o poder que você só tem quando toca ao vivo. Manter nossas garras afiadas. Mas, ao mesmo tempo, entre esses shows nós voltávamos ao estúdio e eu queria manter os períodos que passávamos lá os mais curtos possíveis. Então só ficávamos ali por mais ou menos uma semana. Duas semanas foi o máximo que passamos em um estúdio. E dessa forma você consegue ter muito tempo de preparação, no qual fala sobre suas ideias, faz os arranjos das músicas e entende a melodia… Mas, se você adotar esse esquema de períodos curtos, as performances têm uma vitalidade e uma espontaneidade que fazem com que escutar o disco seja mais agradável.

G1 – Na época do lançamento do disco anterior (“Tonight: Franz Ferdinand”, de 2009), vocês lamentaram o excesso de expectativa do público e mesmo da imprensa, chegando a comentar que a experiência de “descobrir” o álbum havia sido prejudicada. Vocês temem que isso possa acontecer novamente? É por isso que não falaram muito sobre o novo trabalho até agora?
Alex Kapranos – Não, não. Estou feliz por falar do disco agora e por responder quaisquer perguntas que você possa ter (risos). O que senti foi que, antes de lançarmos o álbum anterior, circularam várias histórias, inclusive de que estávamos sendo influenciados por música africana ou coisas do tipo, e penso que elas influenciaram as expectativas. Mas ninguém deveria ter qualquer expectativa quando ouve música, as pessoas deveriam estar livres de preconceito e ter um senso de frescor, um sentimento de expectativa sem influências, entende? Aceite o que vier. Mas eu realmente não quis dar entrevistas antes de acabarmos este novo disco, só que por outro motivo. Foi porque se você fala sobre a coisa na qual está trabalhando, enquanto ainda está trabalhando nela, isso tem um efeito sobre o resultado.

G1 – O que acontece?
Você se torna muito consciente e começa a pensar de forma analítica. As outras pessoas te influenciam, mas, principalmente, você mesmo se influencia, porque pensa demais no trabalho que está fazendo, em vez de simplesmente fazê-lo. Você deveria estar apenas fazendo e não pensando no processo. Se você está no palco, por exemplo, e fica pensando na sua performance, ela pode ser terrível, você tem que apenas tocar. É como quando você é criança e está aprendendo a andar de bicicleta, se ficar pensando em como vai se equilibrar sobre aquelas duas rodas, acaba caindo. Não acho que, como músico, eu deva ser um crítico. Deveria ser um criador. São dois papéis bem diferentes e tenho que usar minha capacidade crítica depois de criar, tenho que parar e analisar o que é poderoso ou não, cortar o que não serve, mas, enquanto estou criando, preciso ser puro e sem influências, sem qualquer consciência excessiva sobre mim mesmo.

G1 – Vocês estão no quarto disco e já têm mais de dez anos de carreira. Ao longo desse tempo, a banda construiu uma identidade, no sentido de que é possível reconhecer uma música do Franz Ferdinand, mesmo que ela não se pareça com as anteriores. Existe uma preocupação com o limite entre essa identidade e a repetição?
Alex Kapranos – Não, não existe. É provável que no passado eu tenha me preocupado com isso, mas agora percebi que ter uma personalidade marcante é ótimo. E você nunca deve tentar disfarçar sua personalidade. Amo bandas e artistas que você consegue reconhecer imediatamente. E estou falando de todo mundo, como os Beatles. Se eu colocar um disco deles de 1969 e depois um de 1964, eles podem soar diferentes um do outro, mas eu sei que aqueles são os Beatles. O mesmo com David Bowie. Se eu ouvir “Space oddity” ou “Ashes to ashes”, são músicas diferentes, mas eu sei que aquilo é Bowie. Instantaneamente. E você pode experimentar diferentes formas de compor, diferentes sons e estilos de letras, mas nunca deve ter medo da sua personalidade. É engraçado, dia desses eu estava ouvindo Kraftwerk no carro com um amigo, estávamos dirigindo por Los Angeles e ouvindo “Radio activity”, e o Kraftwerk tem um som tão distintivo, a personalidade deles está em todos os discos, “Radio activity”, para mim, soa como um disco tão diferente de “Tour de France”, mas é definitivamente o Kraftwerk que está ali fazendo aqueles discos. Eu amo essas bandas por sua personalidade forte, e acho que você pode ter uma profundidade de ideias e uma personalidade profunda e elas não precisam entrar em contradição.

G1 – E você acredita que o Franz Ferdinand é realmente um exemplo disso? Está satisfeito com o que a banda alcançou nesse sentido?
Alex Kapranos – Bem, eu não sou um crítico, então isso é você quem deve decidir (risos).

G1 – Grande parte dessa identidade normalmente associada ao Franz Ferdinand inclui um cenário de otimismo, alegria, festas… Mas você disse que o novo disco lidava com “uma cínica busca pelo otimismo”. O que isso significa? E você acha que seu senso de humor é mal compreendido?
Alex Kapranos – Ah, sim. O ser humano é uma coisa engraçada, não é? Sim, sim, talvez, às vezes, meu senso de humor seja um pouco incompreendido. Ou o tempo todo (risos). Eu realmente sinto que este disco, em particular, é muito animado, é um disco otimista. Mas, você sabe, somos criaturas complexas, não temos uma única emoção dominante de cada vez, eu diria que nenhum de nós é puramente otimista ou pessimista. Acho que o lado racional do meu cinismo aprecia o poder positivo do otimismo… Essa frase faz sentido? (risos) O contraste de emoções é algo que sempre tento trazer para as músicas, adoro a ideia de que você tem emoções contrastantes simultaneamente, e é por isso que adoro a mensagem que encontrei em um cartão postal e que se tornou a frase de abertura do disco, as palavras (da letra de “Right action”) “come home, practically al lis nearly forgiven”, isso soa como uma mensagem muito acolhedora, sabe, “venha para casa”, mas na verdade é bem condicional, “quase perdoado”, “praticamente tudo”, e é assim que a maioria dos encontros é, por exemplo, na vida. Você nunca tem um único sentimento, uma emoção totalmente pura, e é quando essas emoções se chocam que as situações se tornam interessantes.

G1 – Vocês já vieram ao Brasil seis vezes e tocaram para públicos maiores a cada uma delas. Como você define essa relação da banda com os fãs brasileiros? E o que espera para a próxima vez?
Alex Kapranos – Ah, eu realmente não sei, não consigo prever essas coisas. Também não acompanho muito o lado comercial dos negócios, simplesmente aproveito as coisas à medida que elas vão acontecendo. Então vamos ver o que acontece. Mas sinto que nossa relação com o Brasil, e com a América Latina de uma forma geral, corre paralela ao que acontece conosco no resto do mundo. Neste verão estaremos em turnê pelos grandes festivais europeus e depois vamos para os Estados Unidos… Mas é bom ir a lugares diferentes e sinto que o Brasil é um dos elementos importantes na vida da banda. Temos essas vidas e esses lugares diferentes espalhados pelo mundo e o Brasil é um deles. Nossa relação com o Brasil funciona porque fomos até aí bem cedo, logo no segundo álbum. Muitas bandas têm a oportunidade de ir até a América do Sul quando já tem uma carreira mais longa e nós tivemos sorte em podermos ir e voltar outras vezes. E os fãs brasileiros têm nos apoiado. Temos amigos aí e todas as vezes em que voltamos conhecemos mais gente e saímos mais. É muito bom poder escolher os lugares aos quais você quer ir e com quem quer sair como uma banda. E nós gostamos de sair no Brasil, então isso ajuda bastante.

 

FONTE: G1

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