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À noite me vêm boas ideias

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Nick McCarthy, guitarrista do Franz Ferdinand sobre a sua música para a série “München 7”.

 

Mesmo agora morando em Londres e viajando em turnê, Nick McCarthy, o guitarrista da grande banda de rock Franz Ferdinand, está sempre ligado as raízes bávaras. Além da música indie, McCarthy descobriu recentemente a música cinematográfica: ele escreveu as músicas para a nova temporada da série policial “München 7”. Em entrevista com Daniel Drescher, o guitarrista de 40 anos fala sobre como foi crescer no interior da Baviera, sobre a áspera mudança para Glasgow e sobre o trabalho conjunto produzido com a experiente banda de rock estadunidense Sparks.

Senhor McCarthy, você escreveu as músicas para a série “München 7”. Como isso aconteceu?

O contato aconteceu através de uma amiga do meu irmão. Ele sempre esteve presente na cena punk de Rosenheim, sempre me levava para os shows com ele e lá tinha essa garota que prestava atenção em mim. Ela era montadora do Bogner (Franz Xavier Bogner, diretor de München 7) e tinha me dito que o Bogner estava procurando alguém novo. Eu fui lá e me apresentei para ele, já que eu era um grande fã de seu trabalho. Eu cresci vendo os filmes dele, que eram a única coisa que dava pra assistir na televisão – esses e também os do Dietl (Helmut, diretor bávaro). Nos últimos dois anos eu estive viajando muito com o Franz Ferdinand, por isso, eu sempre ia ao estúdio à noite, de 8 da noite às 4 da manhã. Era muito bizarro gravar música para uma série bávara em Londres. Eu espero que esse compromisso prossiga.

Você é uma pessoa noturna, ou isso foi bastante incomum?

Ah não… eu já estava bem habituado com o cansaço. Eu tenho dois filhos, de 1 e 3 anos e acordo às 7 da manhã. Depois de algumas semanas você já está pronto para isso. Mas eu amo trabalhar a noite. Não há nenhuma distração, nenhuma ligação, há uma boa atmosfera. À noite me vêm boas ideias.

Você frequentemente ainda vai para sua antiga pátria. Os seus colegas de banda vão frequentemente para lá?

Eu estive agora perto de Rosenheim, e estava acontecendo tanta coisa por lá, por isso eu mesmo me permiti tirar umas férias na Baviera. Com o Franz Ferdinand, eles tocam frequentemente em Munique e todos eles já estiveram em Rosenheim para o meu casamento, por exemplo. Eles gostam da cerveja: da última vez que a gente esteve em Munique, eu comprei 20 caixas de Augustiner e depois disso a gente ficou feliz durante 3 semanas na turnê.

A TV alemã não está muito renovadora recentemente. Breaking Bad, Downtown Abbey – todas as séries de alta qualidade vem dos Estados Unidos ou da Grã-Bretanha. Quando você está em Londes, sente constantemente saudades de casa e compra DVD’s alemães?

De tempos em tempos, mas tem sido assim: quando se liga a televisão aqui, não há nenhum divertimento. “Tatort” é bom, mas eu assisto muitas séries americanas porque elas são inacreditáveis. Game of Thrones e Breaking Bad foram as maiores séries dos últimos dois anos. Mas eu não assisto televisão tão frequentemente. O Bogner é um clássico, e é uma honra pra mim trabalhar pra ele.

Você nasceu na Inglaterra mas cresceu na Baviera. Como é ter crescido no interior da Baviera e como você entrou em contato com a música?

Eu frequentei a escola aqui e fui musicalmente influenciado pelo meu irmão. Eu cresci em Bruckmühl. Essa cidade fica bem no interior da Baviera, lá haviam tantos burgueses, isso me irritava muito quando eu era adolescente. Eu tinha um grupo de amigos, os quais ainda adoro hoje em dia, que também tinham problemas com os burgueses. Nós fizemos muitas coisas, estávamos entediados e odiávamos os burgueses. Também tivemos muitas experiências com drogas. Eu sempre pensei que eu era um cara mau. Então eu me mudei pra Glasgow e percebi que eu era um verdadeiro filhinho da mamãe. Lá eu fiquei feliz em ver a polícia pela primeira vez. Eu morei durante 10 anos por lá e em seguida me mudei pra Londres. Pra mim, Glasgow é sempre muito fria e úmida, mas tem uma excelente cena musical e há muito espaço artístico por lá.

É comum ouvir músicos que cresceram na província falarem que a falta de distração da própria música é algo bom. Você concorda com isso?

Nós fazíamos muita música, mas não fazíamos ideia do que se passava pelo resto do mundo. Quando eu me mudei para Glasgow, eu não conhecia nem metade das bandas que todo mundo achava legal. Led Zeppelin, Pink Floyd, Beatles – essas eram conhecidas no país. Mas para mim isso funcionou. Meus amigos e eu éramos tão contra as músicas que tocavam no rádio que paramos até de escutar música clássica. Pensávamos que isso era uma atitude punk. Então tocávamos música clássica no piano, mas também sempre incluíamos música do The Damned. Na verdade, eu ainda faço isso, só acrescentei Elvis na lista. Eu tinha uma banda de Jazz na escola e aprendi a ler notas musicais, frequentei um Conservatório e aprendi a tocar contrabaixo. Esse instrumento sempre esteve presente em bandas alemãs, como o Can e o Kraftwerk, essas sempre foram duas bandas clássicas e bem instruídas. Isso também nos acrescentou algo.

Diz a lenda que você e Alex Kapranos se conheceram porque você roubou uma garrafa de vodka dele em uma festa.

Sim, isso é verdade. Eu estava acostumado com as festas caseiras em Aibling. E já que você não leva nada, você pega o que está lá. Em Glasgow, a bebida alcoolica é cara, cada um leva a sua garrafa, cada um carrega sua garrafa e escreve seu nome nela. Então lá estava a garrafa, eu coloquei metade do conteúdo no meu copo e senti uma mão no meu ombro: “Excuse me”, disse Alex. Nós quase nos esmurramos, então alguém entrou no meio e apartou a briga. Depois começamos a conversar sobre música: “você está procurando uma banda”. Então nós ficamos juntos.

O Franz Ferdinand sempre teve músicas com partes em alemão, seja em “Darts of Pleasure” ou em “Erdbeer Mund”. Isso deve ser mérito seu.

Sim, claro, sempre. No entanto, o nome da banda não foi ideia minha. Isso era no tempo em que a arte alemã estava bastante em alta. Todos estavam abertos para o Neo Rauch e essas coisas parecidas. Era muito elegante em Glasgow saber falar alemão. Todo mundo na Grã-Bretanha estava interessado em Krautrock (estilo de rock presente na cena musical alemã nos anos 70).

O que há nos planos atuais do Franz Ferdinand? Vocês estão trabalhando em músicas novas?

Nós gravamos um álbum com o Sparks. Eles são uma antiga banda de glam-rock estadunidense que nunca foi muito conhecida na Alemanha. Na Inglaterra eles são gigantes, eu realmente ouvi muito sobre eles. Em Los Angeles eles foram a um show nosso, eles são uns caras bem típicos dos anos 70. O album vai ser lançado esse ano e depois vamos fazer uma turnê juntos. Nós nos denominamos FFS, Franz Ferdinand e Sparks. Em breve queremos lançar um single.

O Franz Ferdinand tem um som relativamente bem definido. O que poderia ser novo na música de vocês futuramente?

Eu não sei. Com os nossos discos a gente nunca sabe o que vai sair antes de ele ser lançado. Por quanto tempo eu ainda vou fazer isso, eu também não sei, eu acabei de fazer 40 anos. Se alguém pode investir tanta força assim pra sempre – eu não faço ideia.

Nick McCarthy nasceu em 13 de dezembro de 1974 em Blackpool, mas cresceu em Vagen uma pequena cidade da Baviera no distrito de Rosenheim. Ele frequentou a escola em Bad Aibling. Depois do Ensino Secundário, ele estudolu contrabaixo no Conservatório Richard-Strauss em Munique. McCarthy é casado e tem dois filhos. Com sucessos como “Take me out” e “Do you want to”, sua banda teve sucesso internacional. O album “Right Thoughts, right words, right action” foi lançado no último verão. A série “München 7”, a qual o Nick escreveu as músicas, é transmitida às quartas-feiras, 18:50 hrs no canal ARD. A atual temporada termina no dia 18 de fevereiro com o episódio “Von heut auf morgen”.

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Nesse vídeo o Nick fala sobre o processo de composição das músicas para o seriado München 7 junto com seu amigo Sebastian Kellig. Apesar do vídeo ser em alemão, a nossa amiga Karen Lima fez um breve resumo do que é falado no vídeo:

“No começo ele fala como eles se conheceram, e como eles se dão bem e que tem uma química musical enorme. Eles começaram tocando música só por prazer, mas depois virou algo sério. Desde meados de 2014 eles estão em Munique fazendo a trilha sonora desse programa de televisão de lá, eles tocam todos os instrumentos, um por vez. Nick fala que sempre há novos motivos, novos temas e precisa sempre escrever novas músicas. Pra cada “capítulo” eles tem em média 2 semanas para fazer as composições. Diz que cresceu assistindo essa série. Que a música não é só compor notas, é sobre sensações, principalmente quando se cresceu com a música. Diz que nasceu na Inglaterra, mas cresceu na Alemanha, então sempre volta pra lá. O som do musical naturalmente é antigo, tem muitos instrumentos antigos, mas ele espera conseguir modernizar isso, é como se fosse um desafio”.

Munich 7 é uma série policial de Franz Xaver Bogner. A série de televisão passa em Munique e é sobre a vida cotidiana da guarda da delegacia de polícia fictícia Munich 7. Para a 5ª e 6ª temporadas em 2014, a música foi composta por Nick McCarthy e Sebastian Kellig no Sausage Studio.

 

TRADUÇÂO: Karen Lima, nossa fã quase alemã. MUITO OBRIGADA! 🙂

FONTE: schwaebische.de / The Fallen Chile

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