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A vida depois de deixar uma banda de rock de sucesso

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Nick McCarthy saiu do Franz Ferdinand para visitar hotéis “onde podemos abrir as janelas”. E montou um grupo com sua mulher.

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IÑIGO LÓPEZ PALACIOS | Madri 8 JUN 2017

“Agora vou a hotéis onde podemos abrir as janelas”. Com esse detalhe simples, Nick McCarthy tenta explicar o que mais lhe pesava em sua rotina após 12 anos como guitarrista do Franz Ferdinand. “Os aviões, os ônibus das turnês… Passava o dia em lugares com ar condicionado. Sempre em espaços fechados. Era tudo muito artificial. Isso é refrescante”.

Dá para ver que está contente. É segunda-feira de manhã e ele acaba de chegar a Madri vindo de Gijón, onde tocou num festival com Manuela – dupla que integra com sua mulher, a artista Manuela Gernedel. Seu amor há quase 20 anos. “Ela odeia que diga isso, mas a conheci porque veio ao show de um dos meus primeiros grupos. Era da minha cidade, Rosenheim, mas tinha morado por três anos no Reino Unido. Assim, só nos conhecemos melhor quando ela retornou. Foi bom, pois antes teria sido ilegal”. São oito anos de diferença entre eles [1]. Nick nasceu em 1974; ela, em 1982. Casaram-se em 2005. “É bacana fazer isso juntos, mas precisamos ver como nos organizamos com as crianças em caso de turnê”, afirma.

Ela regressou a Hackney, a região de Londres onde moram e administram esse projeto pequeno, muito diferente das faraônicas turnês do quarteto escocês que ele abandonou de forma amistosa (e reconhece que temporária) em julho de 2016. “Deixá-los foi complicado, mas as bandas envelhecem quando se estendem demais, e eu sentia que isso acontecia conosco. Sempre pensei que um grupo dura cinco anos, e eu já estava com eles três vezes mais tempo. Sempre saindo com os mesmos caras, fazendo a mesma coisa. Durante uma época foi muito divertido, mas já não é tanto. Sou mais de projetos coletivos, nos quais as pessoas entram e saem, que de bandas fechadas. Existem vários músicos maravilhosos por aí. Além disso, montei um estúdio em Londres. Justo quando terminei, me chamaram para preparar o novo disco. Tinha que ir a Glasgow, e eu tenho dois filhos…”

Também vale lembrar que ele chegou ao Franz Ferdinand por acaso [2]. Na época, por volta de 2002, não parecia que aquele grupo liderado por um sujeito de 30 e poucos, Alex Kapranos, tornaria-se mundialmente famoso e um dos líderes do renascer do pop britânico do novo milênio. O triunfo começou em 2004, quando dezenas de bandas das ilhas saíram à caça da música pop perfeita. The Libertines abriram a porta, e por ela entraram Arctic Monkeys, Mystery Jets, Futureheads, Maxïmo Park, Kaiser Chiefs e Bloc Party, para citar alguns nomes. Todos partiam em busca do hit imediato, e as referências eram a new wave e o pós-punk dos anos oitenta.

Um dos grupos mais espevitados era o Franz Ferdinand, formado por veteranos da cena escocesa e um estrangeiro nascido em Blackpool, Inglaterra, mas criado na Baviera, em plena Alemanha idílica: Nick McCarthy. “Minha infância foi maravilhosa. Cresci numa região cheia de florestas, construindo casas nas árvores e tomando banho em lagos. Mas a adolescência foi horrível. Era chato demais. Estudava música clássica e queria voltar ao Reino Unido. Quando terminei, fomos a Glasgow sem nenhum motivo em especial. Aquilo foi mais pela Manuela: ela havia conseguido uma vaga para estudar pintura na escola de artes, e achamos legal. Um dia eu estava colocando meu dedo no mapa e, três meses depois, era parte de um grupo que assinava contrato para lançar o primeiro disco. Uma decisão absurda que mudou minha vida”, resume.

Conta-se que ele conheceu Alex Kapranos numa festa. Nick tentou roubar a taça de Alex, que o pegou em flagrante. Quase deu briga. No entanto, no mais puro estilo escocês, os dois se transformaram em amigos íntimos. “As pessoas de Glasgow são simpáticas, mas duras, e eu vinha daquela bolha onde todos os policiais da área aparecem se alguém pisa um jardim sem autorização. Lá eu era o mau; em Glasgow, um ingênuo”. Notícias dos antigos colegas? “Eles contrataram duas pessoas para fazer minha função ao vivo. É bom saber que você vale por dois.”

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[1] [2] Correções feitas pelo Franz Ferdinand Brasil da tradução da matéria original.

FONTE: El País Brasil

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