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Franz Ferdinand fala sobre distribuição musical

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Alex Kapranos - Foto: Jr Reis

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Alex Kapranos prevê que, num futuro próximo, alugar canções será tônica do mercado.

Entrevista feita por: Jotabê Medeiros

Pouco antes do show para cerca de 1 mil sortudos na boate The Week, os quatro integrantes do grupo – Alex Kapranos, Nick McCarthy, Bobby Hardy e Paul Thomson – toparam conversar com o Estado sobre temas relacionados à problemática da distribuição de música nos dias atuais. Têm poucas divergências e até arriscam alguns palpites. O baixista Bobby Hardy foi a exceção, não quis se estender no assunto (“Somos apenas quatro amigos cuja atividade é fazer música, e analisar o mercado é coisa para quem comercializa música”, disse).

Ao contrário de Bob, Alex Kapranos, o líder do grupo escocês – poucos fazem um show ao vivo tão bem hoje em dia – não se fez de rogado e até arriscou algumas fórmulas que, pensa, podem salvar a lavoura do rock’n’roll.

JOTABÊ MEDEIROS: A cantora britânica Lily Allen disse que está pensando em se aposentar, já que não vê futuro para os músicos atuais por causa do download ilegal. Há um movimento na música britânica nessa direção, que envolve gente como James Blunt, Elton John. O que vocês acham disso?

FRANZ FERDINAND: Nós conversávamos sobre isso justamente esta noite. Pensamos em uma solução há muito tempo. Você é a primeira pessoa que vai ouvir nossa sugestão para salvar a música (risos). O problema é: cada nova peça de música que é gravada, não há controle da distribuição. Então, em vez de as pessoas comprarem a música que já existe, de um artista tipo Lily Allen, pagam uma contribuição para a próxima música desse artista. Por meio de comunidades de fãs. Por exemplo: todo mundo quer ouvir a próxima canção de Lady Gaga? Então, 20 milhões de pessoas ao redor do mundo dão a Lady Gaga 50 centavos cada um. Assim, têm direito a ouvir primeiro a nova canção de Lady Gaga. É uma forma de financiar a produção musical desses artistas.

JM: Os Beatles só agora resolveram entrar no mundo digital, e lançaram uma caixa com todos seus discos. A próxima etapa é fazer um acordo de venda digital – até agora, não se podia comprar a música dos Beatles online, e acho que era a única grande banda que ainda resistia ao iTunes.

FF: Não, acho que há ainda outra… O Black Sabbath, se não me engano. Mas não acredito em uma hegemonia da distribuição. A internet é democrática, competitiva, há diversas lojas online de distribuição de música digital até com mais apelo que o iTunes. Acho que haverá sucessores para eles. Eu vejo que, em breve, a música vai ser mais alugada do que vendida, por meio de sites como Facebook, MySpace. Haverá assinaturas para a música, talvez o sistema que se torne mais usado para a distribuição. E, é claro, aquele sistema que eu falei, de os fãs investirem na próxima música do seu artista preferido. (Risos).

JM: Vocês fizeram um vídeo com modelos, para seu último disco, que é bastante caro, muito bem produzido.

FF: Sim, é caro, porque tem bailarinas profissionais, tem de pagar diversos cachês. Domino Records investiu no vídeo.

JM: Dizem que a MTV está em declínio atualmente porque os vídeos de música não têm mais o mesmo apelo de antes…

FF: Eu acho que têm apelo, a diferença hoje é que estão sendo vistos principalmente na internet, por meio de sites como o YouTube. Não veem mais na televisão.

JM: E o YouTube divulga principalmente vídeos preexistentes, a memória do vídeo, e não se produz com frequência vídeo exclusivamente para essa mídia…

FF: É o principal problema: quem paga? Mas sei que nos últimos 5 anos há bons diretores ao redor do mundo que estão produzindo só para essa mídia, e procurando formas de financiamento para seu trabalho. Se há um interessado em ver, há um interessado em produzir e pagar por isso.

JM: Vocês são conhecidos em todo o mundo. Ainda assim, é mais difícil para vocês hoje em dia do que em passado recente? Vocês estão fazendo mais turnês?

FF: Mais bandas estão tocando mais do que costumavam. Mas uma banda tocando ao vivo é uma coisa fantástica, não é algo ruim. É também o jeito que as bandas estão fazendo dinheiro hoje, não gravando discos. Claro que há um reflexo na produção. Nos anos 60 e 70, os grupos gravavam um disco e faziam poucas turnês, e então passavam anos em atividade criativa, pensando num novo conceito, criando sua arte. Hoje, fazem disco a cada ano porque têm de colocar uma nova turnê na estrada, é a única forma de ganhar dinheiro. Acho que uma das coisas mais fantásticas da nova situação é que as bandas têm um tamanho adequado, têm suas comunidades de fãs. Só precisam aprender a fazer a coisa com menos, sem tanta produção.

Agradecimentos: “carol 244” e “Luciana Antero”

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