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Franz Reunido | Q entrevista: Franz Ferdinand – 2ª parte da matéria, Revista Q 10/2013 [Traduzida]

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Continuação da entrevista do Franz para a revista Q. A primeira parte você pode ler AQUI.

Tradução e agradecimentos: Cristina Renó

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Incapazes de imaginar um futuro para a banda, eles passaram um ano separados. Hardy voltou a pintar. O realista Thomson, que voltou da América do Sul com artrite reativa e um cisto facial, trabalhou de DJ, tocou com o grupo de art-rock Correcto e fez ‘coisas de pai’. “Depois do primeiro álbum nós sentíamos que estávamos numa esteira e não conseguíamos sair dela”, ele diz enquanto come um hambúrguer com Blood Mary. “Eu descobri que era muito embaraçoso ser um astro do rock. Meus amigos em Glasgow têm flats de um quarto e empregos que pagam mal então acho que eu fiquei com vergonha por causa disto. Chegou a um ponto que eu estava resolvido que eu ia desistir de tudo e arranjar um emprego decente, eu pensava em abrir uma loja, mas eu sou muito ruim para lidar com dinheiro.”

Kapranos produziu os álbuns da banda indie Citizen! e do guitarrista escocês RM Hubbert, restaurou algumas amizades antigas que tinham murchado por causa da negligência e aprendeu a fabricar cidra em sua casa, em Dumfriesshire: “Eu tenho a tendência de ficar obcecado com algo até eu sentir que sei como fazê-lo.” McCarthy se tornou pai e trabalhou com outros projetos musicais, incluindo o Box Codax, seu projeto paralelo com a esposa austríaca Manuela Gernedel, apenas para perceber quanto ele sentia falta do Franz. “Os outros projetos eram fascinantes, mas eu percebi que temos algo realmente especial. As outras bandas nunca foram assim.”

Mas o intervalo não fez nada para aliviar a melancolia de Kapranos, então ele convidou Hardy para ir a Orkney (“território neutro”) para contar as más noticias. Pouco antes da viagem, ele falou com Diane Martel, a veterana diretora de vídeo, cujos créditos incluem Do You Want To, do Franz, e o notório Blurred Lines, de Robin Thicke. “A Diane ficava “Ah, não seja ridículo! Vocês todos estão sendo imaturos!” E ela estava totalmente certa. Se não fosse por Diane eu provavelmente não teria sido forte o suficiente para estimar a amizade que eu tinha que fez da banda algo bom. Foi preciso uma mulher muito astuta do Brooklyn para ser o catalisador. Bob e eu estávamos falando muito mais com a Diane do que um com o outro.” Ele suspira. “Bob não queria falar [com a imprensa] sobre isso e ele provavelmente estava certo. Eu provavelmente vou me arrepender de ter contado isto.”

Hardy tenta evitar entrevistas, mas ele provavelmente é o membro mais intrigante do Franz: o purista estético, o estudante de arte que nunca teve a intenção de estar numa banda e ainda assim é fundamental para a sobrevivência de uma. Para o Letterman, ele veste uma camiseta onde se lê: “No Noise Quiet Life” (Sem barulho vida quieta). Com relação à ‘right words’ (palavras certas), Buda aconselha seus seguidores “a se abster de tagarelice inútil que falte propósito ou profundidade”. Buda teria gostado de Hardy.

Ele foi para Orkney para convencer Kapranos a ficar?

“Meu deus, não! Eu não estava incomodado. Eu não fui para salvar a banda. Eu fui para salvar nossa amizade. A última coisa que eu queria era convencer alguém a fazer um álbum que não quisesse fazer.”

Se o Franz tivesse acabado, ele teria desistido da música e voltado à arte visual. Ele tinha até planejado transformar seu baixo em uma mesa de centro como um gesto simbólico. Kapranos não tem certeza do que teria feito. “Às vezes acho que a vida de um artista solo é solitária,” ele diz pensativamente. “É mais divertido estar num bando.”

Uma úmida noite de terça feira no Brooklyn. Dentro do Glasslands, um armazém convertido com capacidade para 275 pessoas em Williamsburg, Thomson está de DJ enquanto rostos do Brooklyn, incluindo Har Mar Superstar e o guitarrista do Yeah Yeah Yeahs, Nick Zinner, estão no bar.

Foi vendido como um DJ set e uma audição do álbum, mas assim que acaba, o Franz Ferdinand se materializa no pequeno palco no canto da sala e ataca com uma divertidamente intensa set de 13 músicas. Rodeando Kapranos como um nó apertado, a banda parece um bando novamente.

Logo após, no backstage, sem camisa e brilhando de suor, o vocalista parece satisfeito. “De uma maneira, eu prefiro esse tipo de show,” ele diz. “Festivais são divertidos, mas você se sente deslocado. Eu gosto de me sentir próximo dos outros caras.”

Fazer o novo LP foi uma oportunidade para evitar os erros dos últimos dois. “Voltou a ser mais como era no começo, antes de saberem que estávamos numa banda,” diz Thomson. Todas as músicas foram compostas antes, testadas ao vivo e gravadas em curtas sessões com vários produtores, incluindo Alexis Taylor e Joe Goddard, do Hot Chip, e com Björn Yttling do Peter, Björn & John. As músicas são criaturas tão velozes e energéticas que você pode não notar que elas estão se contorcendo de pânico existencial, autocrítica e arrependimento. Na confessional Stand On The Horizon, Kapranos canta “I’m the cruellest man you have known”  (sou o homem mais cruel que você conheceu). Fresh Strawberries disfarça astuciosamente seu pessimismo (We will soon be rotten/we will all be forgotten – Nós em breve apodreceremos/todos nós seremos esquecidos), com ensolaradas harmonias no estilo Big Star.

É notório que o recente encontro da banda com a morte [da banda] não foi a única coisa perturbando Kapranos nos últimos anos. Ele menciona ter chegado ao título do álbum enquanto procurava por respostas para ajudar com ‘umas coisas que eu estava passando’, mas educadamente se recusa a elaborar.

Mas era algum tipo de crise pessoal?
“Muitas coisas, sim, é.”

Kapranos parece envergonhado com a previsibilidade dos erros quase fatais do Franz Ferdinand. Ele leu o suficiente sobre bandas para saber que não se faz turnê por muito tempo sem uma pausa, você não vai para o estúdio sem nenhuma música e você não para de conversar. Mas o Franz cometeu todos eles do mesmo jeito. “Qual que é a do homem britânico, que é incapaz de se comunicar?” ele diz. “É engraçado que o ponto da banda é comunicar ideias e emoções. Talvez por isso fomos levados a formar a banda, pois não conseguimos nos comunicar em nossas vidas. Esses homens inarticulados emocionalmente fazendo música.”

A Q relembra Kapranos que, ano passado, um fã no Twitter pediu conselhos sobre estar numa banda. Ele respondeu: “Nunca faça cover de Oasis. Nunca esqueça seus amigos. Sempre se divirta.”.

“Eu devo ter falado isso porque chegou a um ponto em que eu me esqueci de fazer todas essas coisas.” Kapranos diz pesarosamente. “Bom, isto não é verdade. Eu nunca fiz cover de Oasis.”

FONTE: Q Magazine – outubro 2013

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