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O Franz Ferdinand quase não fez um quarto álbum, admite Alex Kapranos

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Alex fala para o The Herald Scotland | Tradução e agradecimentos: Daniel Póvoa

alexglasgowA questão sobre o novo álbum, eu conto ao vocalista do Franz Ferdinand enquanto nos sentamos em um café em Glasgow numa quarta-feira à tarde, é que ele soa tão – como posso dizer?

– tão Franz Ferdinandesco. Alex Kapranos sorri debaixo de sua franja. “Isso faz todo o sentido. Fico realmente feliz por você dizer isso, já que era um objetivo.”

 Alguns minutos antes, eu assistia Kapranos entrar a passos largos no café, quadris tão magros quanto de uma garota, até hoje, com mais de 10 anos de existência do Franz Ferdinand, a exata aparência que você espera de seus pop stars. E nem tão diferente da única outra vez que o encontrei, quase uma década atrás no backstage do Reading Festival no ápice do primeiro surto de fama da banda. Desde então o Franz Ferdinand rodou o mundo, lançou um segundo e então um terceiro álbum, conheceu seus heróis, fez coisas demais (turnês, trabalho, etc), seguiu o seu próprio caminho e agora se reuniu novamente para fazer o quarto álbum – Right Thoughts, Right Words, Right Action – que acaba sendo uma afirmação de intenção bem como de noções básicas. É um álbum vivo e urgente, como já estabelecemos, é muito Franz Ferdinand.

Kapranos sobe as escadas, cumprimenta pessoas, se senta e conversa: sobre o passado, o presente, sobre o escritor irlandês William Trevor (uma das influências nas letras do novo álbum – a música Brief Encounters surgiu porque Kapranos andou lendo seus contos e pensou: “É, eu quero escrever algo sobre os grandes eventos de gente comum”) e, sim, sobre o Franz Ferdinandismo da banda.

“Uma coisa que eu ocasionalmente notei em bandas,” Kapranos diz enquanto toma sua sopa, “quando elas vão além de seu segundo álbum, é quase como se uma paranoia ou uma neurose passasse por suas cabeças: ‘Caramba, a gente já faz isso há um tempo. Talvez precisamos fazer algo novo. Talvez precisamos nos reinventar.’ E meio que está certo. Você precisa fazer algo novo. Você precisa se manter criativo. Você precisa tentar coisas novas. E esse pode ser o caminho para produzir um disco, para escrever canções. Mas você não pode reinventar a sua personalidade.

“É algo que eu notei quando fazemos covers. Sempre que tocamos um cover, seja de um música dos Beatles, do Beck ou da Britney Spears, ainda parece com Franz Ferdinand. São só quatro pessoas. São as personalidades.”

E ainda assim, são quatro anos desde o último álbum. As coisas mudaram. A banda agora vive em Glasgow, Dumfries (no caso de Kapranos) e Londres. Filhos nasceram. “Então quando Nick e eu estamos compondo, seu filhinho está correndo por todos os cantos,” Kapranos admite. “Mas ainda compomos do mesmo jeito. Talvez ele queira sair em turnê de uma forma diferente da que costumava. Provavelmente não… na verdade, eu retiro o que disse. Eu ia dizer que ele não festeja mais como fazia, mas possivelmente ele não festeja como antes com tanta frequência. Mas você deveria perguntar isso ao Nick.”

Em pouco tempo o Franz Ferdinand cresceu. Um pouco que seja.

Questões levantadas pelo entrevistador a Alex Kapranos a respeito das letras do novo álbum.

1. “Please belive everybody steals” (Por favor acredite, todo mundo rouba) (de Fresh Strawberries)  N.T.: na verdade é “Thieves believe everybody steals” (Ladrões acreditam que todos roubam)

Qual foi a última coisa que você roubou?

“Ah, sabe. Eu tive uma sessão de fotos no Japão há três semanas e tinha esse par de meias sensacional da Paul Smith e acabei ficando para mim. Não estou certo se foi propriamente um roubo porque não estou certo de que eles queriam as meias de volta após elas estarem nos meus pés. Mas, sim, eu ainda as tenho.”

2. “So come home, practically all is nearly forgiven” (de Right Action) (Volte para casa, praticamente tudo está quase perdoado)

Quem você quase perdoou?

“Alguns amigos. Isso é tudo que eu digo. Eu estava conversando outro dia com um amigo sobre a natureza do perdão e como o principal ponto do perdão é o quão libertador ele é e o quão leve você se sente depois que para de carregar todo aquele ressentimento. É um peso terrível e consome as pessoas.”

Vamos falar sobre conversar. A outra questão sobre o novo álbum, Alex Kapranos me conta, eventualmente, é o quão sortudos somos por ele existir. A verdade é que o novo disco só aconteceu porque Kapranos se encontrou com o baixista Bob Hardy dois anos atrás. “Sentimos como se não nos falássemos há muitos anos. Não conversávamos de fato desde que estávamos em turnê e até mesmo quando estávamos em turnê. Nós não chegamos a brigar, mas já não conversávamos uns com os outros tanto quanto o fazíamos há dez anos.”

Foi a diretora Diane Martel, que já trabalhou com a banda, que arranjou o encontro. “A gente conversava independentemente com Diane e eu dizia ‘Ah, eu não sei o que fazer em relação à banda. Nem sei se faz sentido gravar um novo álbum. Eu nunca falo mesmo com Bob.’ E ela disse ‘Você é tão ridículo. Você só precisa conversar com ele.’

“Realmente foi o incentivo da Diane que nos reuniu e simplesmente conversamos uns com os outros. Nós fomos a Orkney já que nenhum de nós nunca esteve lá, então era um território neutro. A gente andou dias por Orkney, conversando e conversando e conversando sobre tudo o que aconteceu nesses dez anos, as coisas boas e más, e como nós nos sentíamos agora como pessoas e como gostaríamos que a banda fosse. Toda essa conversa foi muito boa.”

Voltando um pouco, eu digo. Você está querendo me dizer que existia a possibilidade desse álbum nunca ter sido feito? Tem uma pausa, uma longa pausa, antes dele começar a falar de novo.

“Eu fui lá com a intenção de dizer que a gente não gravaria outro álbum. Eu queria falar primeiro com o Bob, porque foram as nossas conversas lá no começo que deram o início a tudo. Foi só depois de todo o diálogo que percebemos o quão triviais eram os motivos para não fazermos um novo álbum. Uma vez que você conversa e ouve o som do que pode fazer um disco muito bom, então isso te deixa empolgado e te faz querer gravar esse álbum.”

Mais questões levantadas pelo entrevistador a Alex Kapranos a respeito (acha ele) das letras do novo álbum.

3. “I’m in love with my nemesis” (de Treason! Animals.) (Estou apaixonado pelo meu nêmesis)

Você já se apaixonou pelo seu nêmesis?

“Umm… próxima pergunta.”

4. “You randy bastard” (de Evil Eye) (N.T.: a letra está errada, como será explicado). Quem é um canalha excitado?

Kapranos (confuso): “Um canalha excitado?”

É o que diz o verso, não?

“Ah não, não é. Eu amo isso. É ‘Vermelho, seu maldito’.” (Red, ya bastard)

Talvez eu esteja me projetando.

“Talvez você mesmo tenha respondido a pergunta. Possivelmente o canalha excitado não esteja tão longe.”

5. “Don’t play pop music” (from Goodbye Lovers and Friends)

Que música você quer que toque em seu funeral?

“Não tenho certeza. Algo bem delicado. Eu preferiria música clássica à música pop. É algo pessoal. Talvez Chopin ou algo assim. Alguma coisa que não vá atrapalhar. Eu estive em funerais onde me sentia como se uma última playlist me estivesse sendo imposta pelo péssimo gosto musical da pessoa que eu realmente ainda gosto enquanto ela vai desaparecendo num buraco na terra. Eu não vejo um funeral como uma oportunidade de impor meu gosto a ninguém.

“Dito isso, eu imagino algo como One Is The Loneliest Number…” (N.T.: canção de Harry Nilsson)

Optar por Take Me Out seria meio macabro, eu suponho.

“Sim, sim, sim. Definitivamente não quero escutar minha própria música.”

Já fazem 10 anos desde que o Franz Ferdinand forçou seu caminho na cena pop com o seu incrível single Take Me Out. Kapranos recorda daquele momento, “é a sensação de ser esmagado.”

“Foi meio que como se a gente tivesse invadido uma festa e estivesse bebendo tudo o que conseguisse. A gente aproveitou, claro que aproveitou. Mas foi intenso.”

Uma década depois, ele acha que a banda está mais próxima de como se sentiam em 2003, antes de tudo ganhar grandes proporções. “Eu me sinto mais próximo daquela época porque nós nos isolamos de tudo o que nos cercava. Muito embora essa festa insana que nós entramos fosse muito divertida, eu não quero passar o resto da minha vida nela o tempo todo. Eu gosto da companhia dos meus amigos na banda e eu não tenho esse desejo de fazer o tipo celebridade toda hora. O que mais importa pra mim é fazer música com esses caras.”

Então o que aprendemos?

Que Alex Kapranos, acima de tudo, ainda é muito Franz Ferdinandesco.

FONTE: The Herald Scotland

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