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De volta como um estrondo o Franz Ferdinand está focado – 2ª parte da matéria, Revista NME 21-09-13 [Traduzida]

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O Franz Foi capa da revista NME de 21-09 com uma matéria onde a banda conta como esteve a ponto de se separar e deu a volta por cima. Deixamos aqui a segunda e última parte traduzida. A primeira parte pode ser lida aqui

Junto com a revista vem um CD com faixas escolhidas pela própria banda que você pode baixar AQUI

Tradução e agradecimentos: Cristina Renó

Franz Ferdinand NME 21-09-13

Por volta de Junho de 2011, o Franz Ferdinand estava praticamente acabado. A breve centelha de otimismo em Paul pós-Bowlie já havia se apagado. Bob tinha “ajeitado a minha vida como se já tivesse deixado [a banda]” e não conversava mais com Alex, que estava seriamente considerando por um fim na banda. Até mesmo Nick – que contesta a ideia de que o Franz tinha praticamente deixado de existir durante o início de 2011 – admite que ao final da turnê de ‘Tonight…’, “eu estava muito feliz em ir e poder fazer alguma outra coisa. Eu já não estava mais sentindo muita coisa no palco. Se você está tocando em frente a milhares de pessoas e não está sentindo nada, tem algo errado em alguma parte”.

“A gente geralmente brigava depois do show,” diz Alex, quando eu pergunto sobre o que era a típico discussão entre eles. “Mas todas as brigas são por motivos bestas, não são? Ninguém nunca briga porque se discorda da visão política de seus colegas de banda, ou por causa da atitude do governo do Reino Unido em relação à Siria”.

“Imagine ir à uma festa com três amigos e ficar trancado lá por três anos”, diz Bob sem muita emoção. “Foi mais ou menos isso o que aconteceu. Quem quer ir ao pub com os mesmos três caras todas as noites pelo resto de sua vida?”

Basta dizer, eles estavam cansados uns dos outros. O ímpeto de resolver as coisas veio afinal de Diane Martel, uma amiga da banda que tinha dirigido o vídeo de ‘Do You Want To’ (e também está por trás do vídeo de ‘Evil Eye’).

 “Bob e eu estávamos falando com Diane via e-mail numa época em que não estávamos nos falando”, explica Alex, “e eu perguntei a ela o que ele vinha fazendo naqueles dias. Ela disse ‘Por que você não me diz? Por que vocês não estão se falando?’ Então foi que tudo aconteceu e eu não sabia se queria manter a banda. Diane é uma brilhante, nativa do Brooklyn de fala franca e não existe frescura nela, então ela basicamente me disse ‘Que merda vocês estão fazendo? Se encontrem e resolvam’. Então nós fizemos.”

Com o impulso de Diane, Alex e Bob bateram em retirada para Orkney onde, no curso de alguns poucos dias, buscaram decidir o destino da banda, mas também ‘por o sangue de volta nas veias de nossa amizade’. Em mais de uma ocasião, Alex se refere ao tempo deles na ilha como “a cúpula de Orkney”. É uma frase que evoca imagens de estadistas em sobretudos sentados para compor uma nova ordem mundial a partir dos destroços da antiga e também põe em sua mente o verso final do single da banda de 2005 ‘Walk Away’: Alex smiles and Bob laughs, Paul pats Nick on the back (Alex sorri e Bob ri, Paul dá um tapinha nas costas do Nick). A realidade, no entanto, não era assim tão generosa.

 “Nós ficamos muito bêbados”, Bob dá de ombros. “Nós estávamos em um pub em uma pequena vila e finalmente as pessoas locais nos reconheceram, e então começaram a tocar nosso primeiro álbum na jukebox. Enquanto isso nós estávamos sentados num canto, completamento bêbados, indo,” (Começa a balbuciar) “E vou te contar outra coisa…”

Enquanto estava em Orkey, Alex percebeu que “se você aceitar que você pode enfiar a faca e cortar a garganta, então é você quem segura a faca, é você quem define a agenda e não tem nem um outro puto que pode fazê-lo para você. Eu tenho muito respeito pela nossa gravadora, por nossos fãs e nosso empresário, mas eu não estou dando a mínima para as expectativas de ninguém mais e essa é a sensação mais libertadora”.

Esta percepção foi o que os permitiu fazer ‘Right Thoughts…’. O Franz Ferdinand voltou com um brilhante, efervescente disco pop, mas também distorcido e atípico. Após encarar a mortalidade da banda em Orkney, diz ele, as composições de Alex tiveram uma virada para o metafísico. Ainda é música para fazer as garotas dançarem, é claro, mas ao longo de suas 10 faixas você também encontra um traço de superstição mediterrânea (‘Evil Eye’), questões de crença e corporalidade (‘Fresh Strawberries’) e até mesmo uma música de separação contada de trás para frente (‘The Universe Expanded’) que usa a teoria do ‘O Grande Colapso’ (Big Crunch) do físico americano Andrei Linde como um elegante, engenhoso dispositivo de enquadramento. Enquanto isso, ‘Goodbye Lovers & Friends’ é cantada da perspectiva de alguém testemunhando seu próprio funeral e fecha o disco com uma nota divertida e deliberadamente ambígua “You can laugh as if we’re still together, but this really is the end” (Você pode rir como se ainda estivéssemos juntos, mas isso é realmente o fim).

 

CONSELHEIRA

A diretora Diane Martel fazendo o Franz se falar novamente.

Como você se tornou amiga da banda, em primeiro lugar?

Eu fui contratada para dirigir o vídeo de ‘Do You Want To’, e os conheci em Nova York durante as filmagens. Todos nós nos tornamos muito bons amigos depois disso: esses caras são meu amigos músicos preferidos.

Alex diz que foi você quem o convenceu a resolver as coisas com o Bob. Você se lembra como foi esta conversa?

Sim, foi basicamente o que eu fiz. Eu não me lembro exatamente como foi, mas eu me lembro de dizer para o Alex: ‘Você precisa ligar para o Bob. Você o ama como a um irmão.”.

Eles conversaram com você sobre por que as coisas se deterioraram tanto entre eles?

É difícil ficar tão próximo às pessoas por anos e anos numa situação profissional. A desconexão pela qual eles estavam passando naquela época era uma coisa normal,

Como é a sensação de ser parcialmente responsável por ter feito o Franz se reencontrar?

(Risos) Por favor, anote que eu ri disso! Eu não sou responsável por nada. Eles são uma banda importante e devem ficar juntos.

Nos fale um pouco sobre o video de ‘Evil Eye’.

É nojento! Paul está banhado em vômito, Nick tem seu olho arrancado… basicamente, é um obsceno banho de sangue. Foi feito como uma tirada engraçada de filmes de terror gore e splatter dos anos 70 (Gore e splatter são dois gêneros de filme de terror onde a escatologia é exagerada, com cenas de sangue em excesso, órgãos expostos e mutilações).

E como foi trabalhar com eles novamente? Tudo parecia estar de volta ao normal?

Sim, mas não havia nada de errado, em primeiro lugar. Tem de haver um pouco de desacordo. Bob e Alex tiveram uma briguinha e tudo o que eu fiz foi ajudar a colocar um Band Aid nisso.

 

Alex Kapranos sempre foi uma mistura curiosa de ceticismo e de superstição. Quando era criança, ele lembra de sua avó grega regularmente prevendo calamidades e desastres do fundo de sua xícara de café, mas ele também era fascinado pela rejeição inabalável de seu avô por toda a teologia. Quando estava na casa dos 20, isto o levou a estudar brevemente teologia na Universidade de Aberdeen, embora fosse mais curiosidade histórica do que convicção religiosa. Hoje, ele diz, “só porque religião não é parte de minha vida, isso não significa que eu ainda não tenha perguntas ou o desejo de encontrar as respostas. Há um conflito em minha alma entre a rejeição lógica da superstição e o desejo sincero de ter uma explicação para tudo. Então isso é um tema no álbum, essa ideia do ‘manual’ – não seria ótimo ter um conjunto de instruções para te guiar pela vida? Passei grande parte da minha vida procurando estes manuais na religião, na literatura, em filmes – Eu até mesmo virei para cantores de bandas.. E não há manual. Mas isso não quer dizer que você vai parar de procurar por ele.”.

Então como você descreveria a si mesmo – ateu, agnostico ou crente?

“Sabe, eu passei por essa situação interessante a cerca de dois anos atrás. Eu tuitei algo sobre como eu não tenho a fé necessária para ser um verdadeiro ateu e eu fui esmagado por ataques de ateus fundamentalistas, que eu nem sabia que existiam. Eu achei tanto decepcionante quanto revigorante perceber que babacas fanáticos não existem apenas no mundo da religião”.

Ao longo dos próximos dois dias, Alex encontra um outro grupo de fanáticos: Franz Ferdanatics. No andar de cima, no Brixton Electric, chegou um pacote no camarim deles de um fã europeu: bonequinhos de argila de 12 polegadas feitos meticulosamente à semelhança de cada membro da banda, tão precisos que tem até mesmo as mesmas roupas que Alex usa no palco. Lá em baixo, se alguém ainda estava em dúvida sobre o quanto sentiram falta do Franz Ferdinand, eles só precisam presenciar o local inflamar pela abertura do Nick, com as punhaladas angulares de guitarra em ‘This Fire’.

Na afterparty, estão presentes tanto Arni do The Vaccines como Peter Meyhew, do Palma Violets e Roxanne Clifford, do Veronica Falls, uma amiga da banda desde os dias quando eles faziam shows em quartos de amigos em comum. Nick está dançando Blondie embriagado, mas eu não vou até o Alex até a chamada do ônibus da 1am, quando ele me promete que nós “conversaremos direito” depois do show da noite seguinte, no QMU em Glasgow.

Em todo caso, este show é ainda mais selvagem. No entanto, quando eu entro no camarim depois, sou surpreendido ao encontrar a banda sozinha, se enchendo de curry para viagem. Um a um, Nick, Bob e Paul se retiram para o bar para encontrar amigos e familiares. Finalmente somos só Alex e eu, bebendo coquetéis de tequila. Quando eu pergunto onde ele acha que o Franz Ferdinand se encaixa no grande esquema das coisas do pop, ele se recosta, mais uma vez, na metáfora. “Eu me sinto da mesma maneira que sempre me senti”, ele diz, “que há um fragmento no topo que significa tudo para mim e tem o mais direto e poderoso efeito em minha vida. E há igualmente um pequeno fragmento inferior, que é repelente e faz com que eu me sinta doente. Tudo que está no meio me faz sentir o mesmo que se sente pelas construções pelas quais você passa no ônibus a caminho do trabalho: você não os nota, mas estão lá. É assim que eu sinto em relação à música pop: a maioria apenas está lá e eu não dou a mínima com relação a isso”.

O álbum novo acaba com uma nota fúnebre – ‘Goodbye Lovers & Friends – então eu decido terminar nossa entrevista da mesma maneira. Se o Franz Ferdinand chegasse ao fim, como você gostaria que fosse o epitáfio?

“Eu começarei a pensar em nosso epitáfio quando eu souber que precisamos de um”, ele responde. “E, é claro, vamos precisar de um algum dia, mas não está à vista nesse momento. Eu me sinto revigorado. Como banda, estamos mais vivos do que nunca. Talvez isto venha do que se considera estar vivo…”

… mas por batatas e liberdade você poderia morrer (but for chips and for freedom you could die)? “Há! Algo assim, sim…”

A data é 20 de Agosto de 2013.
Pensamentos: focados. Palavras: provocadoras. Ações: DE VOLTA.

 

FRANZ E AS NMEs
As numerosas capas do Franz Ferdinand relembradas

10 de janeiro de 2004
Um Franz extremamente jovem proporciona a Barry Nicolson uma tour pelo Chateau em ruínas.

01 de maio de 2004
“A Franzmania varre a nação!” Um concerto excede a capacidade, então o Franz atua no estacionamento.

22 de maio de 2004
O Franz encontra Morrissey na edição de Heróis. “Eles têm ‘isso'”, declara Moz.

14 de agosto de 2004
Uma interrogação do Fandom revela o gosto por Nik Naks sabor Rib’n’Saucy e a treta com Eminem.

8 de janeiro de 2005
O Franz edita a NME! Fandom de celebridades incluindo Kanye, e o guia para o pop alemão de Nick.

30 de julho de 2005
O Franz conta que quase de separaram uma vez, quando Alex e Paul usaram o mesmo pulôver. Sinceramente.

30 de janeiro de 2009
Aparentando seriedade na capa, o Franz conta tudo acerca de seu difícil, eletrônico terceiro álbum.

 

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FONTE: NME Magazine 21-09-2013

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