Entrevista com Alex Kapranos – o dândi de Glasgow
É o que se diz de um tipo elegante. No palco e fora dele. Alto, com uns olhos muito claros, um ou outro cabelo branco e uma voz que provoca arrepios («é como ser jogador de futebol: você tem que cuidar, mas quando você treina muito ela fica em forma»). Simpático e com uma boa conversa, ele fala da vanguarda russa, de uma viagem que fez para a Etiópia com Paul (o baterista da banda), gastronomia catalã ou de como os romances de Iain Banks – o escritor escocês morreu no dia em que aconteceu essa entrevista – acompanharam seus verões adolescentes na Grécia, terra natal de seu pai.
Alex Kapranos (Almondsbury, Reino Unido, 1972) lança com o Franz Ferdinand o quarto álbum da banda de Glasgow, Right Thoughts, Right Words, Right Action (Domino/Sony) no dia 27 de agosto, que continua fazendo seu pop elegante, dançante e sedutor.
Recentemente você disse que queria fazer um álbum sobre a luta entre a cabeça e coração. Quem ganhou?
Empate. Os dois estão presentes, como quase sempre na vida. Nossa idéia é que quando você o escuta primeiro surjam as emoções, que o sangue palpite, que você tenha a sensação de estar vivo. E depois vem a parte reflexiva, analisar as letras, buscar segundos e terceiros significados.
Fazem música para dançar… Continua saindo todo final de semana?
O bom de me dedicar a isso ao invés de ter um trabalho comum é que posso sair às terças-feiras (risos). Temos 40 anos e mais responsabilidades. Bob (baixista da banda) e eu não temos filhos, o resto da banda sim. Embora a idade não nos tenha tirado nada, pelo contrário. Fazemos as mesmas coisas, mas melhor.
Há alguma coisa que você detesta em tudo isso?
A perda do anonimato, estar em um bar e que venha algum bêbado falando comigo como se fosse meu colega.
O que sobrou de suas raízes gregas?
Tenho memórias gravadas de quando era pequeno, como a música tradicional ou o teatro de sombras que meu avô fazia com um lençol e uma luz. De lá vem a personalidade que gosta de aproveitar a vida e também aberta e comunicativa, gosto de contar coisas, expressar emoções… Isso não é muito escocês.
Vocês tem uma imagem impecável. Quão importante é moda para vocês?
É mais uma maneira de nos expressar e comunicar quem somos. Me interessa nesse sentido, não como necessidade a ser levada ao extremos. Eu tenho um casaco que uso desde que eu tinha 16 anos.
REVELAÇÃO DE UM MESTRE NA COZINHA
Um apreciador de comida, assim é Alex Kapranos. Durante um tempo escreveu uma coluna gastronômica no The Observer, que mais tarde se transformou em livro: Sound Bites (Ed. 451).«Depois me chamaram para participar de programas de televisão sobre isso, mas recusei. Não era a minha». Sua gastronomia preferida é «a que utiliza ingredientes simples mas muito bons, com sabores intensos mas naturais, algo que vocês fazem muito bem na Espanha e na Sicília, o lugar onde mais disfruto comendo». Na cozinha «sou habilidoso, porque pratiquei. Trabalhei como chef, mas é uma profissão que requer uma entrega total, e a música sempre veio em primeiro lugar».
***Dândi é a pessoa que se preocupa com moda, que se veste bem, gosta de acompanhar desfiles.
FONTE: Elle.es